O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) apresentou um organograma com os seis presos na Operação Gomorra, que foi deflagrada nessa quinta-feira (7), mostrando como funcionava o esquema entre os investigados por fraude de licitações e desvio de recursos em Barão de Melgaço, a 121 km de Cuiabá. De acordo com o MP, esse mesmo grupo tem contratos, que agora são investigados, com mais de 100 prefeituras e câmaras municipais .
No documento apresentado pelo MP, em conjunto com a Polícia Civil, é possível identificar que Edézio Corrêa, líder do grupo, contava com a ajuda e apoio da convivente: Tayla Beatriz Silva Bueno Conceição, dos sobrinhos: Roger Corrêa da Silva, Waldemar Gil Corrêa Barros e Jânio Corrêa da Silva, da irmã: Eleide Maria Correa, e da sócia: Karoline Quatti Moura.
Para viabilizar o esquema, quatro empresas foram criadas com o objetivo de firmar contratos fraudulentos com as prefeituras e câmaras municipais. Cada integrante da organização ficou responsável pela administração de uma dessas empresas, garantindo o funcionamento do esquema e a manipulação dos processos licitatórios.
O que cada integrante fazia:
- Tayla: sócia da Pontual Comércio e Serviços de Terceirizações LTDA;
- Roger: sócio da Pantanal Gestão e Tecnologia LTDA;
- Eleide: sócia da Saga Comércio e Serviço Tecnologia e Informática LTDA e foi sócia da Centro América Frotas LTDA de janeiro a março de 2020;
- Waldemar: foi sócio da Saga Comércio de 2017 a 2020;
- Jânio: sócio ativo da Centro América desde 2007
- Karoline: proprietária da Karoline Quatti Moura e PP
De acordo com o MP, Karoline fazia movimentações desde o ano de 2019 e, até 2020, movimentou mais de R$ 8,3 milhões para a Saga Comércio, durante esse período.
Além disso, a investigação constatou que o esquema de fraude consistia em manipular processos licitatórios para garantir contratos fraudulentos entre a administração pública e empresas de fachada. O modus operandi envolvia a participação ativa de prefeitos municipais, que, como ordenadores de despesa, facilitavam a fraude e garantiam a continuidade do esquema, mesmo após a prisão de alguns dos investigados. Até o momento, não foi divulgado o nome de prefeitos ou vereadores envolvidos na organização criminosa.
As investigações também revelaram que o grupo atuava principalmente em prefeituras do interior de Mato Grosso, sendo o município de Barão de Melgaço, um dos principais alvos das fraudes.
A investigação identificou quatro empresas que, embora legalmente registradas, eram utilizadas de maneira indevida para viabilizar as fraudes. No caso específico de Barão de Melgaço, o esquema se tornava ainda mais evidente, com as empresas sendo contratadas para fornecer serviços e produtos que, na prática, nunca eram entregues, ou eram entregues de forma inadequada e superfaturada.
Diante às fraudes, o Ministério Público solicitou à Justiça uma série de medidas cautelares para impedir que o grupo siga atuando. Entre as medidas requeridas, estão a suspensão das atividades econômicas das empresas envolvidas no esquema e o afastamento do sigilo de dados eletrônicos. A Justiça manteve a prisão temporária dos integrantes do grupo.
Além disso, o MP e a Polícia Civil também solicitaram a busca e apreensão de computadores, notebooks, celulares e documentos nos endereços residenciais e profissionais dos investigados, para coletar mais provas que possam esclarecer o papel de cada envolvido e detalhar a atuação do grupo criminoso.
Entenda o caso
Nesta quinta-feira, após a prisão dos envolvidos, o Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco) divulgou uma lista com supostos contratos firmados pelo grupo com mais de 100 prefeituras e câmaras municipais de Mato Grosso (veja lista no final da matéria).
Conforme a investigação, em Barão de Melgaço, a 121 km de Cuiabá, os suspeitos utilizaram ‘cartões coringa’ como mecanismo para desvio de combustível e prática de sobrepreço — valor cobrado acima do preço justo de forma abusiva.
De acordo com o Naco, a identificação do esquema ocorreu após a análise de todos os processos licitatórios homologados pela Prefeitura de Barão de Melgaço com uma empresa, desde o período de 2020 até a atualidade.
A investigação
Durante a investigação, foi constatado que outras empresas que participaram desses processos tinham sócios pertencentes à mesma família do proprietário da empresa. Além disso, algumas dessas empresas nem sequer estavam em operação.
A investigação também revelou que o sócio oculto das empresas investigadas seria Edézio Corrêa, que já havia sido denunciado pelo Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) na Operação Sodoma, onde foi apurado um esquema de pagamento de propina na gestão do ex-governador Silval Barbosa.
A análise dos contratos, segundo o Naco, também evidenciou discrepâncias significativas nos valores de contratações semelhantes. Em um dos casos, foi identificado um aumento superior a R$ 9 milhões nas contratações realizadas nos anos de 2021 e 2022.
MUNICÍPIOS E VALORES DOS CONTRATOS EM INVESTIGAÇÃO
MUNICÍPIOS - VALORES
Prefeitura Municipal de Colniza R$ 20,3 milhões
Prefeitura Municipal de Peixoto de Azevedo R$ 17,1 milhões
Prefeitura Municipal de Diamantino R$ 16,7 milhões
Prefeitura Municipal de Água Boa R$ 16,6 milhões
Prefeitura Municipal de Primavera do Leste R$ 15,9 milhões
Prefeitura Municipal de Campo Novo do Parecis R$ 14,4 milhões
Prefeitura Municipal de Barra do Garças R$ 13,1 milhões
Prefeitura Municipal de Chapada dos Guimarães R$ 10,7 milhões
Prefeitura Municipal de Novo São Joaquim R$ 10 milhões
Prefeitura Municipal de Colíder R$ 9,5 milhões
Prefeitura Municipal de Várzea Grande R$ 9,3 milhões
Prefeitura Municipal de Brasnorte R$ 9,2 milhões
Prefeitura Municipal de Campinápolis R$ 9 milhões
Prefeitura Municipal de Barra do Bugres R$ 8,6 milhões
Prefeitura Municipal de Rosário Oeste R$ 8,3 milhões
Prefeitura Municipal de Poxoréu R$ 8,1 milhões
Prefeitura Municipal de Vila Rica R$ 7,8 milhões
Prefeitura Municipal de Poconé R$ 6,6 milhões
Prefeitura Municipal de Jaciara R$ 6,5 milhões
Prefeitura Municipal de Confresa R$ 6,2 milhões
Prefeitura Municipal de Querência R$ 5,9 milhões
Prefeitura Municipal de Aripuanã R$ 5,5 milhões
Prefeitura Municipal de Planalto da Serra R$ 5,4 milhões
Prefeitura Municipal de Alto Garças R$ 5,3 milhões
Prefeitura Municipal de Vila Bela Da Santíssima Trindade R$ 5,2 milhões
Prefeitura Municipal de Ribeirão Cascalheira R$ 5,2 milhões
Prefeitura Municipal de Jangada R$ 4,8 milhões
Prefeitura Municipal de Nova Xavantina R$ 4,3 milhões
Prefeitura Municipal de Guarantã Do Norte R$ 4,1 milhões
Prefeitura Municipal de Santo Antônio do Leste R$ 4,1 milhões
Prefeitura Municipal de Alto Boa Vista R$ 4 milhões
Prefeitura Municipal de Luciara R$ 3,7 milhões
Prefeitura Municipal de Ipiranga do Norte R$ 3,6 milhões
Prefeitura Municipal de Bom Jesus do Araguaia R$ 3,6 milhões
Prefeitura Municipal de Santa Rita do Trivelato R$ 3,4 milhões
Prefeitura Municipal de Serra Nova Dourada R$ 3,4 milhões
Prefeitura Municipal de São Pedro da Cipa R$ 3,3 milhões
Prefeitura Municipal de Novo Santo Antônio R$ 3,1 milhões
Prefeitura Municipal de São José do Rio Claro R$ 2,8 milhões
Prefeitura Municipal de Barão de Melgaço R$ 2,8 milhões
Prefeitura Municipal de Juscimeira R$ 2,5 milhões
Prefeitura Municipal de União do Sul R$ 2,5 milhões
Prefeitura Municipal de Pontal do Araguaia R$ 2,5 milhões
Prefeitura Municipal de Santa Terezinha R$ 2,4 milhões
Prefeitura Municipal de Nobres R$ 2,4 milhões
Prefeitura Municipal de Pedra Preta R$ 2,1 milhões
Prefeitura Municipal de Alta Floresta R$ 2,1 milhões
Serviço de Saneamento Ambiental de Águas do Pantanal R$ 2 milhões
Prefeitura Municipal de Juruena R$ 2 milhões
Prefeitura Municipal de Dom Aquino R$ 1,7 milhões
Prefeitura Municipal de Lambari D'oeste R$ 1,6 milhões
Prefeitura Municipal de Matupá R$ 1,6 milhões
Prefeitura Municipal de Juara R$ 1,5 milhões
Prefeitura Municipal de Nova Santa Helena R$ 1,5 milhões
Prefeitura Municipal de Itaúba R$ 1,5 milhões
Prefeitura Municipal de Nossa Senhora do Livramento R$ 1,4 milhões
Prefeitura Municipal de Novo Mundo R$ 1,3 milhões
Prefeitura Municipal de Figueirópolis D'oeste R$ 1,3 milhões
Prefeitura Municipal de Juína R$ 1,2 milhões
Câmara Municipal de Cuiabá R$ 1,1 milhões
Prefeitura Municipal de Porto Alegre do Norte R$ 1,1 milhões
Prefeitura Municipal de Araputanga R$ 1,1 milhões
Prefeitura Municipal de Alto Taquari R$ 1,1 milhões
Prefeitura Municipal de Paranatinga R$ 1 milhão
Prefeitura Municipal de Araguainha R$ 1 milhão
Prefeitura Municipal de Nova Ubiratã R$ 1 milhão
Prefeitura Municipal de Conquista D’oeste R$ 990 mil
Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Xingu R$ 846 mil
Prefeitura Municipal de Canabrava do Norte R$ 831 mil
Prefeitura Municipal de Cáceres R$ 804 mil
Câmara Municipal de Rondonópolis R$ 708 mil
Prefeitura Municipal de Santo Afonso R$ 701 mil
Prefeitura Municipal de Porto Esperidião R$ 648 mil
Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Chapada dos Guimarães R$ 417 mil
Departamento de Água e Esgoto de Várzea Grande R$ 374 mil
Prefeitura Municipal de Ponte Branca R$ 315 mil
Prefeitura Municipal de Sapezal R$ 299 mil
Prefeitura Municipal de Nova Brasilândia R$ 295 mil
Prefeitura Municipal de Santo Antônio do Leverger R$ 159 mil
Prefeitura Municipal de São José dos Quatro Marcos R$ 157 mil
Prefeitura Municipal de Lucas do Rio Verde R$ 147 mil
Prefeitura Municipal de Nova Canaã do Norte R$ 146 mil
Prefeitura Municipal de Sorriso R$ 136 mil
Prefeitura Municipal de Itanhangá R$ 92 mil
Prefeitura Municipal de Ribeirãozinho R$ 89 mil
Prefeitura Municipal de Torixoréu R$ 53 mil
Prefeitura Municipal de Pontes e Lacerda R$ 48 mil
Prefeitura Municipal de Nova Olímpia R$ 35 mil
Prefeitura Municipal de Itiquira R$ 33 mil
Câmara Municipal de Nova Xavantina R$ 29 mil
Prefeitura Municipal de Nova Mutum R$ 21 mil
Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Nova Mutum R$ 21 mil
Prefeitura Municipal de Campos de Júlio R$ 20 mil
Câmara Municipal de Ipiranga do Norte R$ 13 mil
Prefeitura Municipal de Nova Monte Verde R$ 10 mil
Câmara Municipal de Peixoto de Azevedo R$ 3 mil
Câmara Municipal de Poconé R$ 1 mil
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